Em 16 de janeiro de 2011 18:25, Grupo Off-Sina <offsina@riguetti.com.br> escreveu:
Valeu Vitor.
A situação é de guerra. Ninguém esta preparado para uma situação como essa.
A palavras de entusiasmo é importante nesse momento.
Valeu,
Richard
Em 16 de janeiro de 2011 18:39, Grupo Off-Sina <offsina@riguetti. com.br> escreveu:
Olá companheiros e companheiras,
Acabo de chegar da Região Serrana, de Itaipava (Petrópolis), da comunidade de Boa Esperança, onde encontramos um alojamento de desabrigados e desalojados, com aproximadamente 60 pessoas.
Ao chegarmos na cidade, fomos diretamente para um centro de triagem, dentro de um CIEP, onde a força de comando orientam as operação de emergência. Lá deveríamos pegar um credenciamento e receber informações sobre nossa missão. O ambiente era de solidariedade. A parte de baixo do CIEP esta tomada de material de doações, metade comida e água, a outra, roupas. Vários voluntários faziam a triagem e material não parava de chegar.
Credenciamento feito, seguimos em frente. Entramos estrada adentro e ai a situação começou a ficar caótica. O que sobrou da pequena estrada estava encoberta de lama , troncos, sofás, carros, fogões, torar. As margens do rio, sumiram. As casas que resistiram estão cheias de barro e troncos. Normalmente são casas com muitas portas e janelas. As pessoas tentam dar uma ordem ao que sobrou.
De tempo em tempo uma barreira militar com soldados do exercito, PM, defesa civil e voluntários. Pediam nosso credenciamento e nós deixavam passar. Conforme subíamos o cenário piorava. Destruição total. Ao longe o que sobrou de um campinho de futebol, e o Ginásio onde está instalado o alojamento.
Saltar do ônibus e entrar no ginásio não foi fácil. Pedi ao meu palhaço que tomasse a frente e deixei a coisa rolar. Lembrei de um mestre que me ensinou que sempre deveria engraxar os meus sapatos antes de entrar em cena. Já que não tinha forças para seguir para o Ginásio, peguei os sapatos e engraxei até que ele ficou brilhando. O Junior, do Crescer e Viver, passou por mim nesse momento e disse: Richard, você está engraxando o sapatos para pesar na lama?
Um choro de criança enchia todo o Ginásio. A criança , ao saber da nossa presença, gritava que não queria circo. Eu quero me matar, gritava a pequena Pamela.
Sentei no meio do campo, coloquei a maquiagem no chão e comecei a me maquiar. As crianças,os jovem e adultos, nos olhavam de longe.
Cada um da trupe foi se espalhando pelo espaço, atendendo caso a caso e tentando se aproximar das pessoas. O milagre começou a operar naquele cenário de guerra. Uma guerra pela vida.
Qual a função do teatro de rua e circo nessa situação jamais vista no nosso Pais?
Um poropopo surgiu timidamente. Magicamente uma perna de pau aparece. Fizemos um trenzinho com as pessoas e começamos a passar por baixo das pernas. A roda estava formada: o espetáculo começou.
Aos poucos a roda estava cheia de alegria , entusiasmo e esperança. Uma esperança efêmera, mas forte e que proporcionou um grande alívio as pessoas impactadas pela tragédia da Região Serrana.
A tarde começou a chover e não pudemos fazer a atividade no outro alojamento, conforme estava previsto.
A idéia é continuar com essa atividade durante a semana que se inicia.
Em fevereiro, a VIII Edição do Palhaço na Praça vai ser realizado nas cidades de Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo, e Três Rios.
Um forte abraço,
Richard Riguetti
Grupo Off-Sina RJ
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